Campanha eleitoral faz milagres em SP.
O candidato/governador terá de fazer em 50 dias o que o seu secretário de educação não fez em 113 dias: visitar as escolas públicas e ouvir os alunos, as mães dos alunos, e a comunidade local. Será que vai dar conta do recado?
Somente após o inicio da campanha eleitoral é que o secretário de educação de SP resolveu ir a uma escola pública para conversar com alguns alunos… e isso aconteceu porque o atual governador sabe que precisa desesperadamente dos votos dos alunos e dos votos dos seus pais para continuar no Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
O secretário de educação de SP levou 113 dias para começar a visitar as escolas públicas, sendo que antes só ficava nos gabinetes ou visitava as diretorias de ensino para ouvir as reivindicações corporativistas… também ouvia alguns alunos que eram escolhidos pelas direções escolares para participarem destes encontros supervisionados.
Vale notar que nem o secretário João Cury e nem o governador Marcio França tiveram a coragem de ouvir as mães e os pais de alunos “no portão da escola”, longe dos olhares intimidadores das direções escolares… é no portão da escola que são ditas as maiores verdades sobre a real situação das escolas: eleições manipulas de grêmios e conselhos de escola; professores que desrespeitam os alunos; denúncias de abusos físicos e psicológicos contra os alunos; desvios de merenda e de verbas etc.
Pelas fotos publicadas, podemos notar que o encontro se deu “dentro da escola” e sob o olhar vigilante dos seguranças do governador ou de funcionários da escola. Neste ambiente, todas as falas acontecem sob “livre e espontânea pressão”.
Não dá pra fazer uma visita à escola como se faz uma visita na feira livre… não dá para comer um pastel, tomar um caldo de cana, beijar umas criancinhas e ir embora… Nas escolas é preciso ouvir o que as crianças, as mães e a comunidade local têm a dizer!
O candidato Márcio França descobriu que bajular as corporações que reinam nas falidas escolas públicas de SP não lhe trás votos, pois elas já estão comprometidas com candidaturas que boicotam a participação dos pais e que não aceitam nenhum tipo de fiscalização e nem controle social sobre o serviço público prestado pelas escolas.
O candidato/governador terá de fazer em 50 dias o que o seu secretário de educação não fez em 113 dias: visitar as escolas públicas e ouvir os alunos, as mães dos alunos, e a comunidade local. Será que vai dar conta do recado?
Por fim, informamos que não seria necessário visitar todas as 5 mil escolas; e ouvir todos os 3,5 milhões das escolas estaduais; e nem ouvir todos os 7 milhões de mães e pais das escolas públicas estaduais de SP para assumir um compromisso com eles: bastaria criar uma Ouvidoria do Aluno. Uma Ouvidoria que fosse independente da corporação; e que tivesse poderes para receber as reclamações dos alunos, mães, pais e comunidade escolar!
A sugestão da criação da Ouvidoria do Aluno já foi apresentada aos candidatos e governantes paulistas desde 1999. Mas tem muita gente que prefere dar o abraço dos afogados com a má corporação que reina nas escolas públicas… Quem é que vai desafiar a professorinha que mata aula, mas é parente do delegado, do promotor, do juiz, ou do político local?
Mais uma eleição geral. Mais um monte de candidatos que defendem o corporativismo e desprezam os alunos, as mães, os pais, a educação e a escola pública.
São Paulo, 17 de agosto de 2018.
Mauro Alves da Silva – Jornalista.
Presidente do Grêmio SER Sudeste – Promoção da Cidadania e Defesa do Consumidor.
Movimento COEP – Comunidade de Olho na Escola Pública.